Amor a Deus e ao Próximo (Serie: Reflexões Teológicas) — Versão Extendida

Introdução
Antes de falar acerca do Assistencialismo (Obra Social) é de fundamental importância compreender alguns aspectos ao lidar com pessoas em situação de rua, enfermos, pessoas com fome, e que padecem das mais diversas dificuldades entre eles, o amor a Deus e o amor ao próximo, o perdão, fruto do espírito para que enfim entendamos a relação entre o nosso SENHOR Jesus Cristo e a Justiça Social.
Entendermos, o conceito de amor, como o amor é entendido do ponto de vista bíblico, como esta palavra, tem mais de uma aplicação no grego koiné (comum), o amor a Deus como a base que sustenta todo o alicerce quando se trata de obra social e o amor ao próximo, pois a Palavra já nos diz, que se não amo o meu irmão a quem vejo, como posso amar a Deus a quem não vejo ? (1 João 4:20), todos estes aspectos são de fundamental importância, neste quebra-cabeça, chamado Obra Social.
1. Conceito
“Mestre, qual é o maior mandamento da Lei? “Respondeu Jesus: “ ‘Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento’. Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo é semelhante a ele: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas”. Mateus 22:36–40
Conceituemos o que seja amor e as suas variações, conforme as Sagradas Escrituras e a literatura em geral.
De acordo com o dicionário Dicio[1], amor é sentimento afetivo em relação a; afeição viva por alguém ou por alguma coisa; afeto: o amor a Deus, ao próximo. Pode ser também um sentimento de afeto que faz com que uma pessoa queira estar com outra, protegendo, cuidando e conservando sua companhia, entre outros. E no aspecto religioso é o sentimento de devoção direcionado a alguém ou ente abstrato; devoção, adoração: amor aos preceitos da Igreja (Etm. do latim: amor.oris).
Já de acordo com as Sagradas Escrituras, podemos conceituar o amor da seguinte forma 1 João 4:8 (NVI) “ Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor”, percebe-se, portanto, que o amor é uma característica essencial de Deus, um amor incondicional que nos foi provado na Cruz do Calvário (João 3:16; Romanos 5: 6–11).
1.1. Espécies de amor
O amor conforme nos é ensinado nas Sagradas Escrituras, especificamente no Novo Testamento, utiliza-se quatro palavras para descrevê-lo: Ágape, Eros, Phileo e Storge.
1.1.1. Amor Eros
Termo grego para o amor sensual. Dai a palavra “erótico”. Esse é o amor físico, da carícia, da relação sexual. Tal amor é também conhecido como paixão, no entanto, é passageiro. É usada para designar o amor romântico, entre um homem e uma mulher, por exemplo.
1.1.2. Amor Phileo
O amor phileo é o amor-amizade, fraternal, social. Desse vocábulo grego (“phileo”), temos algumas palavras derivadas, como Filadélfia (“phileo”, amor-amizade, e “adelfos”, irmãos) que significa “amor entre irmãos” ou “amizade fraternal”, Teófilo (“Theos”, Deus e “Phileo/Fileo, amizade ou amigo), que quer dizer “amigo de Deus”, Filantropia (“Phileo/Fileo, amizade e “anthropos”, homem) significa “amor humano”.
É usada para descrever aquele amor que tem como principal característica o companheirismo, a amizade, a bondade para com o próximo. Em suma, se você possui boas amizades, logo o que está em evidência é o amor “Phileo/Fileo”.
1.1.3. Amor Storge
É o amor conjugal, familiar, doméstico. Longe de ser interesseiro, esse amor é humilde, objetivo e sacrificial. É o amor que une o marido à sua mulher bem como os pais aos filhos. Logo, em um lar onde reina a harmonia, está em ação o amor “storge”.
1.1.4. Amor Ágape
O amor ágape, é o perfeito e incondicional amor de Deus.
Dos quatro, este é o amor maior, pois tem origem no próprio Deus que é a revelação clara desse amor (João 3:16; 1 João 4:8–18; 1 Coríntios 13:1–13; Efésios 5:25).
Esse amor é incondicional, ou seja, não espera nada em troca. Não preciso esperar que alguém me ame para amá-lo. Aliás, com esse amor é possível amarmos até os nossos inimigos (Mt 5:44). Ele também é infalível e eterno, como se pode ver em 1 Coríntios 13.
É bom salientarmos que, todos os seres humanos possuem, por natureza, os três tipos de amor, já mencionados (“eros”, “phileo/fileo” e “storge”), entretanto, o amor “ágape” só se adquire quando se nasce de novo, ou seja, ele passa a operar na vida do homem quanto este se torna templo do Espírito Santo (Gl 5:16–22).
Com o amor “ágape” devemos amar a Deus e ao próximo (Mt 22:36–40; Mc 12:30–31). Na Bíblia, o termo “ágape” ocorre com mais frequência que os outros, o que evidencia a importância desse amor.
A expressão sublime do amor ágape, se encontra em 1 Coríntios 13:4–7, onde segundo Valdenira Nunes de Menezes Silva[2], Deus nos mostra ao menos 15 características do amor que eu e você devemos expressar em nossas vidas:
1. A Bíblia nos diz primeiramente que o amor é SOFREDOR.
2. Em seguida, aprendemos que o amor é BENIGNO.
3. A Bíblia nos ensina também que o amor NÃO É INVEJOSO.
4. O amor NÃO TRATA COM LEVIANDADE.
5. A Bíblia continua dizendo que o amor NÃO SE ENSOBERBECE.
6. O amor NÃO SE PORTA COM INDECÊNCIA.
7. Na Palavra de Deus vemos também que o amor NÃO BUSCA OS SEUS INTERESSES.
8. Aprendemos ainda que o amor NÃO SE IRRITA.
9. O amor NÃO SUSPEITA MAL.
10. A Bíblia nos diz que o amor NÃO FOLGA COM A INJUSTIÇA.
11. O amor FOLGA COM A VERDADE.
12. Deus nos ensina que o amor TUDO SOFRE.
13. O amor TUDO CRÊ.
14. O amor TUDO ESPERA.
15. O amor TUDO SUPORTA.
1.2. Amor a Deus
“Mestre, qual é o maior mandamento da Lei? “ Respondeu Jesus: “‘ Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento’. Este é o primeiro e maior mandamento (Mateus 22:36–38 NVI-PT).
O amor a Deus, colocado com o primeiro e o maior mandamento, pelo nosso SENHOR Jesus Cristo, significando que ELE deve ser o primeiro em todos os aspectos de nossas vidas, afetando a nossa forma de vivermos em sociedade e nos relacionamentos com as outras pessoas. Amar a Deus é uma escolha, amá-lo com tudo que somos e com tudo que temos.
Amar a Deus com todo nosso coração, significa que NELE podemos confiar, aprendendo a desejar o que Deus deseja (Salmos 40:8), onde na alegria, podemos agradecer, na tristeza, buscar consolo, na ansiedade, confiança NELE.
Amar a Deus com toda a nossa alma, neste sentido, é colocar a opinião de Deus sobre nós como mais importante do que a opinião de qualquer outra pessoa, onde demonstramos o nosso amor a ELE, conforme a identidade que ELE nos concedeu, de uma forma única.
Amar a Deus com todo nosso entendimento, é pensarmos em como podemos fazer a vontade de Deus com o nosso conhecimento e sabedoria (1 Coríntios 13:2), amor que nos leva a querer conhecer mais sobre Deus e sobre a sua Palavra, a Bíblia.
É importante ressaltar que só conseguimos amar a Deus, por causa de Jesus. Quando nos tornamos novas criaturas, o Espírito Santo, nos ensina amar a Deus acima de todas as coisas e vivermos completamente para ELE.
1.3. Amor ao Próximo
E o segundo é semelhante a ele: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’ (Mateus 22:39 NVI-PT).
Jesus Cristo, nos orienta em João 15:12, que devemos amar uns aos outros como ele nos amou. E em Efésios 5:2 e Mateus 22:39, temos o amor ao próximo como um mandamento obrigatório. Isso nos deixa claro que todo o bem que desejamos para nós, devemos desejar para o nosso próximo.
Neste sentido, é importante, falarmos sobre a empatia, que é a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro, tentando entende-lo. Portanto, amar ao próximo é repartir o pão, estender as mãos aos que estão cansados, servir ao invés de ser servido, é perdoar as feridas em nossos corações, mesmo sem ouvir um pedido de perdão. É um amor sem reservas, sacrificial (João 3:16), traduzido em ação, mas do que em belas palavras. A junção de palavras mais ação, são a evidência de nosso amor ao próximo, não buscando retribuição, mas simplesmente servir (Lucas 6:35).
Amar ao próximo é entender que todos temos valor (Gn 1:27), que ninguém é perfeito (Rm 3:23–24), que todo pecado é ruim e que todos merecemos o castigo de Deus (Rm 6:23), e entender que Cristo morreu por todos nós (João 3:16–17), para nos livrar do castigo de Deus (Rm 5). Aqui identificamos que não há ninguém superior a ninguém, que nenhum ser humano é menos digno do amor de Deus. E que se Deus é perfeito, ama seu próximo, como podemos não amar ? Quem ama a Deus, que ame o seu próximo (1 João 4:19–21).
Conclusão
“O amor verdadeiro é mais do que uma sensação, um sentimento, uma missão, ou até mesmo uma doutrina. Amor verdadeiro é um desejo genuíno pelo bem estar de outra pessoa. O amor verdadeiro glorifica a Deus e é o propósito da vida e da existência da Igreja. A adoração e as missões são consequências desse amor” (Thistebend Ministries — O que é o amor verdadeiro ?).
Neste mesmo sentido, podemos perceber que Deus nos concedeu a capacidade de conhecermos, desfrutar, viver e dar o amor verdadeiro, pois o próprio Deus é amor, por isso, ELE não é apenas o nosso referencial e padrão de amor, como também é a nossa fonte.
O amor verdadeiro vem de Deus e retorna para ELE, por meio da Igreja, o amor verdadeiro é o amor divino, supremo, o amor ágape, o sublime e supremo amor de Deus, é desta forma que conseguimos amar a Deus e ao nosso próximo, como sabiamente disse o Dc. Gladson, “o nosso próximo é o nosso elo de ligação a Deus”, pois “Se alguém afirmar: “Eu amo a Deus”, mas odiar seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê.1 João 4:20 NVI-PT”
[1] https://www.dicio.com.br/amor/
[2] O amor que devemos aprender, 1 Cor 13- com adaptações